domingo, 29 de setembro de 2013

Mantras como Tratamento


Há uma coisa que talvez precisem saber sobre mim para poder entender essa postagem e porque eu quis escrever sobre este tema aqui. Não há nada que consiga me tocar mais profundamente (além do mar, mas como estou um pouco longe dele...) do que música.
Sei que existem várias outras pessoas como eu por aí, que conseguem se conectar mais consigo mesmas através de canções do que falando, ouvindo, lendo, vendo.
Músicas são minha terapia imediata de melhor efeito. 
E tem um estilo musical que amo desde muito cedo, Mantras.
Talvez nem todos entendam esta parte e considerem hippie demais, mas gente, só quem já parou para ouvir Tomaz Lima consegue entender o que é adoçar o coração com os sons que ele produz.

Então, pensando nesse tipo de música e na necessidade que nós, vagínicas, temos de ensinar nossas mentes sobre a beleza que é o sexo, que ele é natural para nossos corpos, que é a manifestação suprema do amor entre duas pessoas e que, ao contrário do que possam ter dito, não é feio, nem ruim e muito menos pecado (ora, como diz meu marido "se Deus fosse contra o sexo não nos permitiria sentir desejo e nem nos daria peças que quando se encaixam provoquem tanto prazer"). Pecado pra mim é fazer mal a si ou a outros.
Mas sexo para mim sempre foi tabu e só recentemente pude perceber que não foi o abuso na infância que gerou o vaginismo em mim, isso foi apenas uma parte do problema. O ápice mesmo foi minha criação rigorosa, onde apenas pensar em beijos parecia sujo, tocar o próprio corpo então, era algo digno de desprezo.

Hoje, adulta e casada, percebo a importância da relação sexual para meu corpo e não apenas porque por ela eu vou gerar filhos, mas porque quero me sentir uma mulher completa, quero sentir o prazer que tantos sentem e proporcionar esse prazer, como prova de amor, ao meu marido.
Se você que está lendo não é casada e acha que isso atrapalha saiba que está enganada. Muito antes de ficantes, namorados, noivos e maridos, seu grande amor deve ser você mesma.
Nós merecemos esse prazer e podemos dar isto ao nosso corpo porque o amamos.
Então, vamos economizar palavras e partir para as sensações. Tive uma ideia que achei legal!
Vou colocar aqui embaixo alguns mantras de cura que criei de acordo com as necessidades que descobri ao percorrer esse caminho de tratamento e espero que possa ajudá-las também.
Vou deixar um áudio pra que possam ouvir de fundo enquanto repetem esses mantras suavemente, sem pressa, num lugar onde não sejam incomodadas e onde possam dar toda a atenção apenas a vocês mesmas.
Fiquem confortáveis, fechem os olhos e se entreguem. Se souberem chegar ao estado alfa melhor ainda, funcionará como uma auto hipnose e a mensagem chegará ao seus inconscientes, mas se não souberem, o simples ato de repetir servirá de ensino às suas mentes. Enquanto repetem os mantras imaginem seus corpos sendo tomados de uma luz suave e acolhedora, aquecendo e espalhando-se por cada parte deles e especialmente em suas partes íntimas. Vamos deixar que o amor afaste o medo.
Namastê.

"Sou dona do meu corpo e da minha mente."

"Corpo relaxado, prazer dobrado."

"Sou uma mulher perfeitamente normal e estou pronta."

"Vou relaxar totalmente ao sentir desejo."

"Quando me toco sinto meu corpo relaxar."

"Meus desejos sobrepõem meus medos."

"O toque do meu amado faz meu corpo relaxar."

"O sexo é uma manifestação sublime do amor."

"Amo e conheço meu corpo, quero dar-lhe prazer."

"Sou uma mulher forte e posso superar tudo."

"Minha cura só depende de mim e vou lutar por ela."

Esses são apenas alguns exemplos e você pode adaptar os mantras às suas necessidades. 
O importante aqui é fortalecer sua mente e colocar-se no domínio de suas emoções.

Música: In The Land Beyond My Dreams - Tomaz Lima

sábado, 28 de setembro de 2013

A Fisioterapia Uroginecológica



Alguns de meus poucos, mas queridos leitores, me deram a ideia de descrever como funciona a Fisioterapia Uroginecológica. Antes de ler sobre a especialidade em alguns blogs voltados para o tema vaginismo, eu sequer sabia da existência da mesma e digo que qualquer coisa que significasse ajuda nesta luta despertaria minha atenção. 
Então acabei encontrando uma indicação aqui em Brasília, liguei e fiquei empolgadíssima ao descobrir que a médica atendia na minha região e, por incrível que pareça, poderia me atender no consultório de uma amiga, no mesmo prédio onde eu trabalho. "Ooohhh!" Ouvi aquele corinho divino quando algo legal acontece nos filmes, pensei que era muita sorte e marcamos uma avaliação.

Parece fácil, mas pra uma mulher vagínica que fugia de ginecologistas
 marcar encontro com alguém que:
a. Você nunca viu antes;
b. Você sabe que vai querer te ver de perto (e por perto entenda perto MESMO);
c. Essa pessoa vai ter que tocar em áreas que nem você gosta de tocar.
Olha... eu tremi na base. 
Mas a vontade de ficar curada era maior que o medo então lá fui eu.

A primeira impressão foi ótima, a Dra. Áurea não tem esse nome por acaso, ela parece um anjo de verdade, loirinha, delicada, simpática e doce. A fofura em pessoa, mas eu ainda não sabia se na hora da verdade essa fofura ia me ajudar porque, cá entre nós, não sou a pessoa mais disciplinada que existe e costumo funcionar mais na base do sacode do que do afago, mas, pra minha felicidade, ela soube ser firme.

Começamos com um bate papo, eu disse a ela tudo o que me aconteceu, porque me fechei, porque não consigo me abrir ao sexo como a maioria das pessoas normais e ela foi escutando tudo e anotando os pontos que considerou importantes, disse que geralmente suas pacientes alcançam a cura em 10 sessões mas que isso seria muito relativo e que dependeria do meu grau de dificuldade e de minha força de vontade.
A conversa foi muito esclarecedora pra nós duas e eu pude me abrir com outra pessoa, algo que não fazia há tempos e que me trouxe certo alívio. 
Depois partimos pra avaliação física, ela precisava ver se eu não tinha nenhum outro impedimento, afinal, isso mudaria bastante o rumo do tratamento, mas felizmente eu sou normalzinha lá embaixo e então marcamos as próximas sessões.

Gente, não é fácil, principalmente porque os exercícios de contração/descontração da musculatura pélvica dão a impressão de não fazer sentido, mas a doutora cativou minha esperança e decidi fazer tudo certinho.

As sessões se baseiam nos diferentes tipos de exercícios nesta musculatura, isso inclui também massagens e movimentos semelhantes aos praticados no sexo, começam apenas com o corpo, depois passam para o uso de dedos e passam para dilatadores de tipos que eu nunca tinha visto nas minhas pesquisas pela net, são ótimos e eu acabei entendendo que ao descontrair eu estava ensinando meu corpo a reagir como eu queria no sexo, já que o vaginismo consiste basicamente no "travamento" dos músculos ao redor da vagina impedindo qualquer tipo de penetração, mostrar a estes músculos como relaxar passou a fazer todo o sentido.
Os exercícios, claro, eram ensinados nas sessões (e iam ganhando mais dificuldade à medida que o corpo permitia) e precisavam ser repetidos em casa, são divertidos e dei boas risadas com minha médica com nossas posições engraçadas em consultório.
Ao decorrer do tratamento ela percebeu que meu caso não seria tão simples e me indicou ajuda extra, com  a Patrícia, terapeuta holística e homeopata que, pasmem, também atende perto da minha casa. Fui à Patrícia e passamos a aliar às sessões de fisio, medicação homeopática para descontração dos músculos, relaxamento e encorajamento, que ela adequou às minhas características pessoais que foi descobrindo na sessão que fizemos, com participação especial do marido.
Foi ótimo e saí revigorada, encomendei a medicação e passei a usá-las regularmente. 
Não posso afirmar com todas as letras que ela (a medicação homeopática) seja milagrosa porque sou muuuito cética a respeito destas coisas.
Inclusive tentamos um tempo depois uma sessão de hipnose que foi ótima, sim, pedi que ela acessasse minha mente em estado alfa e me desse sugestões de cura. Foi proveitoso, mas disso falo mais depois.

O fato é que infelizmente minha vida entrou num turbilhão de coisas, estresse no trabalho que passou do nível agitado demais para o insano, a faculdade que resolveu apertar nossa garganta e uma viagem de família que não pude adiar, então minhas sessões com a fisio precisaram parar, os exercícios foram deixados para depois, minha cura parou de ter os avanços que eu já estava alcançando e aqui estou eu, ainda vagínica.

Posso garantir a vocês que o tratamento com uma fisio de confiança vale MUITO à pena. É ela que vai te dar dicas de como ensinar seu corpo a controlar esses travamentos e te passar confiança para enfrentar as fases não tão coloridas da vida de quem está enfrentando uma dificuldade deste tipo.
A terapia também é ótima aliada e, vale lembrar que procurei também uma Ginecologista (outro anjo que surgiu em minha vida) que também me avaliou e solicitou exames adequados para constatar minha saúde.

Pretendo voltar sim ao tratamento (à minha prótese que a doutora me aconselhou comprar) e sempre que posso faço os exercícios em casa, mas agora estou enfrentando um outro problema que está afetando diretamente minha cura: meu marido, que de uns tempos pra cá tem se mostrado desanimado com nossa vida sexual e se satisfaz tanto com o pouco que temos que tem me deixado preocupada. Mas isso é assunto para outro post.

Caso tenha ficado alguma dúvida sobre como funciona a fisio 
perguntem nos comentários e ficarei feliz em responder. 

Até a próxima!

domingo, 18 de agosto de 2013

Perdão, Hipnose e Paciência


Preciso começar pedindo perdão por essa sumida básica do Blog.
Honestamente não sou muito disciplinada (e sei que deveria ser porque isso ajudaria bastante minha vida, em todos os sentidos), então entre faculdade apertando com matérias novas, viagens em família para interior e trabalho exigindo cada gota de energia que poderia existir em mim, fiquei esgotada e abandonei esse meu pequeno diário. Perdão.
Confesso que talvez não me animasse a voltar a escrever se não percebesse pelos comentários que outras pessoas se interessaram por minha história e então confirmei essa sensação que sempre tive da importância do apoio, por menor que seja.
Obrigada, meus amores!

Não sei se disse a vocês que minha terapeuta havia me sugerido algumas sessões de Hipnose para entender o que houve comigo, para vencer essa barreira e me sugestionar com frases novas, de recuperação, força e etc. Resolvi tentar, até porque depois da consulta com minha gineco descobri que meu hímen não foi rompido, então ou o safado do vizinho que me abusou na infância não chegou a inserir o pênis ou só fez algo com o dedo e não rompeu a membrana.
Minha terapeuta queria regressar até essa fase pra descobrir o que realmente havia acontecido. 
Mas gente, preciso ser honesta com vocês em alguns pontos:
1. Nunca fui de acreditar muito nessas coisas, até acho que alguém possa me sugerir algo num estado calmo de minha mente e tal, mas me fazer reviver toda a situação como se fosse hoje... Sei lá, tive medo de que meu ceticismo me bloqueasse e a sessão desse em nada;
2. Money. Não é nada barato deitar num sofá confortável e deixar que alguém te leve a um estado de hipnose, mesmo. Claro que pra mim é caro porque não sou rica, se fosse talvez não achasse isso tudo (ou talvez sim, porque a maioria dos ricos que conheço são mais econômicos que eu hehe).

Então, resolvi que, já que ia gastar, pediria a ela que ao invés de regressão, me levasse a um estado alfa (estado de consciência de profundo relaxamento, em que a mente torna-se aberta) e tentasse me sugestionar com mensagens positivas e que me ajudassem a enfrentar o vaginismo de frente. Ela me atendeu.
E aí, claro, veio outro problema básico: sou inquieta.
Imagino que vocês pensem: "poxa, essa garota também, hein?!"
Mas é, não sou do tipo que consegue ficar quarenta minutos quietinha que nem tábua de passar, então depois de uns trinta minutos de sessão comecei a ficar angustiada e ela precisou ir finalizando aos poucos.

Foi legal? Claro! Ela me fez visualizar minha cura e isso meu deu uma sensação boa, de paz, trouxe amor ao meu coração, mas já tinha deixado claro que a hipnose não era nenhum milagre, apenas mais um canal de tratamento e realmente, não foi. Como não posso bancar mais sessões e muito menos aderir ao pacote, decidi estudar, por minha conta, uma outra ferramenta que se mostrou bastante útil: a auto hipnose.
Mas disse falo em outra postagem porque esse aqui já ficou longo demais.

Ah, estou montando uma coisa pra vocês que acredito que vão gostar. É algo do tipo deliciosa ajuda.

Beijinho

sábado, 18 de maio de 2013

Orações, Preces... Fé!


 Minha terapeuta holística, com quem faço tratamento associado à fisioterapia uroginecólogica, me explicou na primeira sessão que, a maioria das mulheres com vaginismo liga a região íntima à dor, muitas vezes por abuso, violência ou até mesmo porque em suas mentes criaram o "monstro sexo", idéia diversas vezes embasada pela religiosidade, influência familiar negativa e etc.
Um dos caminhos para a cura é desassociar esta imagem e criar uma nova: a de que esta região é fonte de prazer, um prazer incrível e ainda não conhecido de verdade.
E é nessa luta que estou, ensinando minha mente que, o que aconteceu ficou no passado e hoje sou outra mulher, que quer ser completa e sentir prazer através do sexo.
Ela, a terapeuta, explicou que muitas mulheres usam a religiosidade para pedir "a Deus" uma cura. Já vi um relato de uma menina evangélica que disse ter pedido
esse milagre e alcançado.
Eu não duvido, só que penso nas pessoas que foram reprimidas pela religião ano após ano e em como é difícil continuar acreditando nela como fonte de cura.

Então eu entendi...
Não é a religião, é a fé. Não é Deus, é o condicionamento mental da esperança, que traz a confiança necessária pra vencer o problema.
Quantas vezes ouvimos por aí que "fulano curou de um câncer através da fé"?
Foi a fé dele que encheu seu corpo e espírito de uma energia positiva tão forte a ponto de ajudar o próprio organismo a combater a doença de forma mais intensa. Isso é real!
A mesma coisa acontece com os Doutores da Alegria, que visitam hospitais infantis e alegram a vida de crianças doentes, dando conforto e forças pra lutar.

Nós precisamos de força pra lutar também!
Passei dias pensando nisso e só hoje entendi que essa energia boa pode sim, me ajudar a enfrentar minha dificuldade. Não é questão de milagre, é de perseverança!
É o interesse no tema, é conviver no universo da sexualidade, é me deixar envolver pelo assunto a ponto de desmistificar o ato em si
e percebê-lo como normal do ser humano que sou.
Fácil não é, mas se tenho certeza que vai valer a pena, porque não tentar?
Não trabalhamos pra comprar coisas que queremos? Pagar contas de prazeres materiais que nos permitirmos?
Por que não focar energia em algo que vai mudar minha vida?

Nem contei ainda que fui a uma Sex shop, comprei minha prótese (que a fisio pediu), igualzinha a um pênis de verdade, molinha e de um tamanho um pouco menor que o pênis do marido. Veio com um vibradorzinho que é acoplado à prótese e traz uma sensação deliciosa. Comprei também dadinhos eróticos e, gente, adorei o lugar, me senti à vontade! Eu tinha pavor de passar perto de uma Sex shop e algum conhecido me ver, olha como somos bobas. Sexo é natural, bom e todo mundo faz,
do contrário nem estaríamos aqui.
Pretendo voltar lá pra comprar uns jogos que me amarrei, bingos eróticos e tal. Acho que tudo é válido pra chegar à cura, pra me sentir a mulher vitoriosa que sempre quis ser e nunca fui tão ousada pra tentar.




Cinquenta tons de excitação


Eu me rendo!
Apesar do meu completo preconceito contra o livro que caiu no gosto da mulherada,
minha terapeuta - pasmem - me sugeriu ler Cinquenta Tons de Cinza.
Ela explicou que, além do teor pornográfico, a relação entre Anastasia e Grey é absurdamente envolvente e serve como inspiração para casais que não
encontram tanta sensualidade no dia a dia.
Não sei como é com vocês, mas aqui em casa, devido a anos e anos sem sexo e nos divertindo apenas com brincadeiras e masturbações,
a sexualidade nunca foi um assunto muito importante.
Erradíssimo, eu sei! Mas o que fazer se todas as nossas tentativas
terminavam em frustração?
Dá desânimo mesmo e é contra essa maré que a terapeuta quer que nademos.
Sexo é bom, gostoso e precisa ser estimulado.
Vocês já viram aqueles casais de novelas (vide Raí e Babalu, em 4 por 4 ou o recente Helô e Stênio, de Salve Jorge) que passam horas no quarto transando sem parar tomados por tesão? Não que aquilo seja o comum, mas tem que, pelo menos, servir como inspiração pra nós: sexo é parte da relação homem-mulher desde sempre e o vaginismo não pode ditar regras sobre nossos relacionamentos.

Então, é isso, estou lendo - e me derretendo com - Cinquenta Tons de Cinza.
O que tem mudado em mim? Percebo que o sexo, a sexualidade, a sensualidade e assuntos relacionados passaram a ser normais pra mim e começo a me sentir parte de um clube que, até então, eu tinha medo até de chegar perto.

Começo a me sentir mulher e isso é delicioso!
Chega de ser a garota meiguinha, ingênua e doce virgem que pode montar um unicórnio de tanta pureza no coração, quero ser feminina, me tocar, ser tocada e entender porque as pessoas gostam tanto desse prazer!

O livro é ótimo, não fica focado apenas no tema,
mas vai além e envolve do começo ao fim.
Fica a dica, vamos apimentar nossas vidas e vencer mais essa barreira!

Um achado e tanto!


Pre-ci-so compartilhar o que encontrei!

Todas nós que estamos sofrendo esse drama (passageiro) sabemos o que sentimos em relação à primeira vez, certo? Vai machucar, rasgar tudo,
por isso dizem por aí que sangra, dói...
Estava eu aqui na minha peregrinação de fazer os exercícios da fisio (a terapeuta disse que não podem ser vistos como exercícios porque essa palavra remete à obrigação, mas ainda não encontrei uma palavra melhor pra definir, então fica assim por enquanto) quando consegui inserir metade do dedo indicador e senti dor, mas deixei o danado lá enquanto pude e até minha vagina expulsá-lo com ares de indignação pela invasão. Sim, só consegui metade e me sinto uma fraca quando leio relatos de meninas que colocam doooois dedos nas primeiras sessões de terapia, mas, ai de mim, sou medrosa e ainda (eu disse ainda) não consegui ter essa coragem, mas eu chego lá.
Então, voltando ao assunto, fiquei curiosa sobre essa coisa da dor, lembrei dos relatos sobre não estar relaxada e voltou à minha mente a lembrança de que a dor e o sangue existem porque o hímen não foi rompido. Pois bem, sem querer estava em minhas pesquisas sobre primeira vez e encontrei O SITE
Lá descobri que o rompimento do hímen não tem nada a ver com o tal sangramento e nem com a dor e que uma mulher preparada pode nem sentir nada. 
Sei que uma vagínica sofre em dobro porque a maior preocupação dela é justamente com a dor e acredito que ler e entender estes textos pode ajudar bastante o trabalho da minha fisio, que anda ralando um bocado comigo. Relacionados a este texto tem outros dois mega interessantes, um sobre vaginismo e outro sobre MAP, vou linkar todos aqui e acho válido que leiam devagar, pra que possamos conhecer ainda mais nosso corpo e livrá-lo dessa barreira.

Lá vão os links:




Vamos lá, meninas, colocar esse ladrão de prazer pra correr de nossas vidas!


quarta-feira, 1 de maio de 2013

A mente da vagínica e seu medo da dor



E eu me pego imaginando como devia ser a vida de mulheres com vaginismo
antes da internet... 
Afinal, antes de perceber que havia algo diferente em mim e ir pesquisar, eu jamais tinha ouvido falar no problema e imagino que algumas mulheres próximas a mim
tenham sofrido esse drama em silêncio.

Então, graças a Deus pela internet, pela informação!

Acho válido explicar o que se passa na cabeça de uma vagínica pra que pessoas que estão tentando ajudar possam entender melhor a bagunça
que se passa em nossas mentes.
Vou começar lembrando a imagem comum do sexo: um pênis penetrando uma vagina, lubrificados, desejosos, tomados pelo tesão do momento. Normal, né? Hoje em dia com tanta exploração de imagens sexuais isso já não é tão difícil imaginar, não como antigamente onde os meninos ficavam hoooras esperando vídeos pornográficos abrir em internets discadas e barulhentas.
Pois bem, na cabeça de uma mulher com vaginismo essa imagem não é tão divertida assim. Sabe por que? Porque pra nós essa imagem significa uma das maiores expressões de... DOR.
Sim, dor. Parece ridículo, eu sei, mas ah se todos os traumas fossem simples...
Depois que comecei minhas sessões de autoexploração, como minha fisio me ensinou a fazer, conheci o meu querido hímen, aquela pelezinha delicadinha que fica na entrada da vagina sei lá pra quê e notei a diferença entre ele
e a ausência dele em imagens de vaginas internet a fora.
"Por que meu buraquinho é tão pequenininho
e o dela parece um buraco negro pronto a engolir um braço?
"
Risos. Do marido, da médica e meus no fim. De nervoso, claro.

Estão entendendo o drama?
Pra nós, não cabe um pênis ali, não cabe um dedo ali, não cabe nada ali.
Quando o cara se aproxima e tenta penetrar, a mente fala que vai doer, o corpo todo se protege, trava e qualquer tentativa vai ser realmente dolorosa, não tem santo que faça a gente relaxar, o corpo se preparou para um combate de defesa e insistir na força é piorar tudo. Por que? Porque de alguma forma, alguma coisa nos machucou e nos deu a sensação de que aquela região traz dor. Desligar essa imagem de dor é trabalho conjunto que estou fazendo através de minha fisio, minha terapeuta e minha gineco. Vamo que vamo!

domingo, 28 de abril de 2013

Sobre o Tempo



 Porque esta questão do tempo é tão delicada para nós.
De um lado está o tempo que nos pede paciência, se mostra senhor de tudo
e traz a sensação de que logo tudo estará bem.
De outro aquele que nos deixa agitadas por uma demora que a cada dia
fica mais difícil tolerar.
 Saber lidar com este senhor é importante, saber aceitá-lo e trazê-lo para o nosso lado para que, lá na frente, possamos brindar uma vitória com a certeza de que ela veio, mesmo que tardiamente, ela veio!

"Quase tudo é temporal
Temporal porque está sujeito
Ao sujeito chamado Tempo
Que é mais que momento

Que não se confessa
Pois não sente culpa de nada
Não vê minha pressa
Em displicente caminhada

Segue a pé passeando. 
Deve ser por isso que demora
Parece que tá brincando
Pensando que não tem hora

O tempo que vivo aqui
O tempo de agora
O tempo que está por vir
Que venha sem demora"

Meu Relicário


Não seria justo continuar as postagens deste blog sem uma pausa para agradecer uma pessoa que tem feito parte de todo este processo de forma tão doce e forte ao mesmo tempo, que tem sido meus pés no chão e meus sonhos nas nuvens: meu esposo.
Lendo depoimentos de outras flores por aí, percebo que as reações de um homem que ama uma mulher, ao descobrir que ela sofre de vaginismo, podem ser das mais variáveis possíveis. Alguns ficam confusos e acabam magoando, fugindo, outros são fortes e dão as maiores de todas as provas de amor:
compreensão, fortaleza e incentivo.
E, graças aos céus, meu amor está neste último grupo.

Não sei como seria minha vida caso não estivesse...
Sei que em parte a pouca experiência dele em relação a sexualidade nos protegeu em diversos momentos do nosso namoro, sei que caso ele tivesse uma vida sexual mais intensa antes de mim provavelmente nosso relacionamento não teria sido como foi, como é. Mas Deus, ou seja lá qual o nome você goste de dar para aquilo que te move, parece ter guardado este homem para mim, do jeitinho que ele é, com aqueles defeitos que me enlouquecem às vezes e com as qualidades que tantas vezes me fizeram dormir com um sorriso nos lábios.
Nossa abertura para falar de tudo, a mansidão dele diante de momentos complicados, nossa sintonia ao perceber o que o outro está pensando ou sentindo sem precisar dizer nada... detalhes pequenos mas que fazem de nós, hoje, guerreiros em busca de uma vitória a dois, que mudará nossa vida para sempre
e que já nos aproximou de forma única.

Então, meu amor, sei que você está lendo este blog e querendo realmente participar deste processo, te agradeço, por cada abraço, por sua paciência, por suas palavras de perseverança, seu carinho, seu acolhimento...
Eu não sei se conseguiria tirar de dentro de mim toda essa força pra lutar contra este trauma sozinha, e ter você ao meu lado é mais que fundamental, é uma das maiores provas de que Deus existe sim e de que Ele é simplesmente Amor.
Eu te amo muito e espero, do fundo do meu coração que nossa luta traga resultados maravilhosos e que sua postura sirva de exemplo para tantos outros homens por aí, que acabam se perdendo ao tentar ajudar suas florzinhas a vencerem essa batalha.


Vagi-o-quê?



Como começar um blog onde pretendo externalizar uma dor que hoje finalmente entendo passageira, sem deixar de lado detalhes importantes, lágrimas importantes, esperanças importantes, momentos tão complexos?

Vamos pelo começo de tudo, pela raiz de um problema não tão matemático,
mas tão confuso quanto a própria.
Começo explicando que me dei um novo apelido para me sentir mais a vontade, entendi que o ficar mais a vontade é um dos passos fundamentais nessa luta. 
Thai Soma é uma brincadeira com meu nome real, mas, como diria Shakespeare em seu grande clássico de amor: "O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem."
Então comigo tudo começou, como com tantas outras mulheres, na infância, com um vizinho maldoso, com insinuações, toques e abusos. Com a distração de pais ingênuos criados no interior que achavam natural a filhinha ter amigos de várias idades e que talvez só tenham passado a ter mais cuidado com essas amizades no dia que notaram algo diferente nesta em especial, algo tão pequeno perdido num mar de coisas maiores que eles jamais perceberam, mas que foi suficiente para protegê-la, infelizmente, tarde demais.
Vamos complicar mais essa história ao dizer que esses pais, profundamente católicos e criados em lares onde sexo era um tabu mais hediondo que o próprio diabo, jamais deram a essa filha espaço para contar o que aconteceu, que a ameaçavam sempre que ela tentava tocar no assunto da sexualidade e talvez achassem que assim, a fariam esquecer o que passou e... ser normal.
Crescendo essa menina, convivendo cada vez mais com o silêncio imposto pela educação rigorosa, a timidez e ingenuidade passaram a ser suas bases de ser, culpando-se e castigando-se por qualquer desejo que seu corpo demonstrasse e fechando-se num casulo que ela jamais imaginaria ser tão difícil romper.
Essa sou eu.

Alguns anos mais tarde, o primeiro namorado sério, também muito católico, também virgem e também tímido. Achamos que o certo seria realmente manter a castidade e lutamos por ela até o dia em que os hormônios passaram a ferver nos corpos jovens e o instinto natural tão evitado passou a falar mais alto. O peso da religião já tinha se afastado, já entendíamos que o desejo era algo natural com o amor que sentíamos e decidimos não nos frear tanto. Como as possibilidades de ficarmos sozinhos eram raras, quando a primeira finalmente chegou, muito tempo depois éramos pura ansiedade. Não rolou, claro. Mas nesse instante o sentimento era de medo, da sensação de estarmos fazendo algo errado e para esse lado foi a culpa da não realização. 
Somente muitas tentativas depois, com mais liberdade e desejo no ápice finalmente entendemos que alguma coisa estava errada. Contei do meu passado, ele me acolheu e disse que tivéssemos paciência. Tivemos, mas a danada foi acabando.
Muitos anos depois do começo dessa história e com a ajuda da preciosa ferramenta de salvação chamada internet, finalmente descobri o que poderia estar acontecendo comigo. Tudo começou a fazer sentido, muitas lágrimas passaram a cair numa mistura de alívio por entender e medo por não compreender totalmente.

Então hoje, aos 31, casada e com a possibilidade de me tratar, dei meu primeiro passo de mostrar o que se passa em mim, para que, dando um nome à esse problema, eu o perceba do tamanho que ele realmente é e possa, enfim, derrotá-lo.
Aí quem sabe esse meu desabafo ajude outras flores por aí, que ainda guardam seu perfume e não conseguiram abrir suas pétalas para a chuva da vida, aquela que lava a alma e faz a palavra mulher finalmente fazer sentido.