quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Quando há um parceiro Envolvido

 

Antes de mais nada, perdão pelo sumiço às leitoras que me acompanham.
Pensei em explicar motivos mas acredito que quando se escreve um blog focado em desabafo e ajuda para um problema em comum, a gente sabe automaticamente que nem sempre é possível ser assídua. As prioridades de tempo são complexas e quando não há nada de efetivo a dizer o melhor é silenciar... e viver. 
Bem, estive vivendo meu tratamento.

Esta postagem é mais um agradecimento ao parceirão que a vida me deu.
Eu e o esposo convivemos com o vaginismo desde muito antes de nos casarmos e me alegrou profundamente perceber que, mesmo após tanta frustração e lágrimas, ele não desistiu de nós, mesmo quando eu quase o fiz.
Minha sexóloga me trouxe a uma etapa do tratamento mais focada em materializar mudanças. Chegou a fase de tentar, tentar e tentar. Eu fugi disso por muito tempo. Mesmo lutando tanto no meu emocional contra as consequências do vaginismo em minha vida, o físico era ainda preservado e, emocional entendido e adiantado,
era a vez do corpo.
Voltei com força total aos exercícios da fisioterapia e uso de dilatadores, mas após duas semanas neste treinamento o resultado ainda era mais lento do que eu gostaria. Então, após perceber que um nó na minha garganta estava formado e piorava, identifiquei em mim sinais de depressão...

Uma crise de choro. Poucas lágrimas. O tal nó insuportável. Pressão no peito. Cansaço.
Ele resolveu intervir efetivamente e quando perguntei o porquê explicou que doeu me ver assim... Vejam bem, quando ainda morava com minha mãe eu chorava muito, nosso relacionamento mãe e filha (que hoje é ótimo) estava péssimo e eu me sentia constantemente afrontada e humilhada. Depois de casar essas lágrimas haviam parado, até este dia... Foi estranho sentir tanta dor, vontade de sumir e perceber que as lágrimas nem sequer caíam direito, não me traziam a chance de lavar a alma.

Pois bem. O marido buscou inspiração e iniciou comigo um tratamento de dessensibilização que para minha alegria, está funcionando muito bem. É um processo tranquilo, sem pressa, cobranças, mas firme e diário. Uma nova esperança me encheu o peito e eu queria dizer isso aqui.
Sei que um texto que ele leu e parece ter trazido um pouco dessa inspiração veio do Caio Fábio (que parece ser um sujeito polêmico em seu meio religioso, mas honestamente isso não faz diferença alguma para nós) e acredito que muitas mulheres com vaginismo, e seus parceiros, devem ter ouvido falar dele, acho que vale a pena ler e claro, filtrar o que se acha válido. Esse é o link:
http://www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=01677
O espelho com o conhecimento, a firmeza para não desistir, as palavras de incentivo para animar e o contato gradativo para curar. Paciência, disciplina, persistência e fé.

Acho importante lembrar também que muitas de nós não tem neste momento um parceiro para ajudar.
Por isso a ajuda profissional (gineco, fisio, terapeuta) é de suma importância. 
Tem meninas que conseguiram se curar sozinhas, munidas de determinação e disciplina, mas é como eu disse à minha sexóloga: meus problemas de saúde sempre foram físicos, então eu buscava tratamentos, tomava medicações e pronto, resolvido. É a primeira vez que me sento num divã para me curar (eu mesma, nada de remédios) por dentro e sabemos que ainda há ceticismo e preconceitos sobre a efetividade de tratamentos psicológicos. Estou compreendendo a importância deles, mas até pouquíssimo tempo eu fazia parte deste grupo incrédulo. Preciso ser tolerante comigo mesma, compreender minha limitação para daí vencê-la e, que bom, estou conseguindo!

Um mega agradecimento à minha querida Dra. Patrícia por sua firmeza delicada
e ao meu melhor amigo e amado esposo, por toda paciência e dedicação.
Sou abençoada por poder trilhar este caminho com vocês.

E um abençoado Ano Novo a todos nós, repleto de coragem, forças e conquistas!
Vamos fazer de 2015 um dos melhores anos de nossas vidas!




sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Primeira raiz: a religião


Em minha sessão semanal com a sexóloga chegamos a um dos fatores mais influentes em meu vaginismo: minha criação religiosa. Para quem não sabe, quase virei freira. Educada em lar católico, lembro que diversas vezes quando pequena, deixava de brincar com os primos pelo simples prazer de ajoelhar ao lado de minha avó e fazer orações e ofícios. E como eu amava tudo aquilo.
O problema começou na adolescência e foi piorando a cada ano. Acabei me aprofundando cada vez mais na igreja, tornei-me formadora e por isso,
precisava ser "exemplo".
Quer exemplo maior de pureza do que ser casta
e deixar clara minha opção por casar virgem?
Como era estranho ouvir de amigas que "se afastaram de Deus e caíram em pecado, engravidando sem casar". Como era triste ver como essas meninas eram tratadas por aqueles que pregavam o amor do Cristo para com todos. Como era doloroso pedir por elas e ser vista como um "provável futuro problema". Elas estavam sendo castigadas pelo mesmo Deus que as fez sexualmente normais. Como assim?

O problema maior não é a religião em si. Eu ainda vejo religiões como conforto, encontro de amigos e coisas do tipo. Elas só deixam de ser saudáveis quando uma tênue linha entre o que é ser bom e o que é ser mau se faz existir. A igreja por muito tempo dominou a política, as regras vinham dela e, por ser necessária uma "intervenção" no modo de vida da sociedade antiga, ela criou regras, estabeleceu limites e determinou as punições. Quantas e quantas mulheres que se masturbavam e tinham mais de um parceiro sexual não foram queimadas como bruxas para servir de exemplo? Em quantas comunidades do Oriente Médio mulheres já foram (e ainda são) castradas e apedrejadas até a morte por desejar um homem diferente do que o que lhes foi estabelecido?

Nosso problema parece vir da vagina mas já sabemos bem que vem de nossas mentes, ensinadas, desde sempre, que tocá-la é sujo e feio. Como tocar uma parte do nosso próprio corpo (e principalmente uma que nos traz prazer) pode ser errado? Imagine se aquela sensação boa que temos quando coçamos nossa pele fosse errada? Ou se limpar o ouvido com o cotonete fosse, sei lá, pecado?
Não seria ridículo?
Digo isto porque fica mais fácil compreender quão tosca
é essa relação entre vagina e pecado. 
Meu marido disse um dia que "se Deus fez o pênis e a vagina para encaixar tão direitinho e trazer tanto prazer, isso não pode ser ruim". E não é. 
E sabemos disso porque todas essas pessoas que consideram sexo impureza, fazem sexo, seja com suas esposas/maridos, seja de forma oculta, mas fazem porque é instinto natural do ser humano.

O preconceito com uma pessoa sexualmente ativa nasce em nosso seio familiar e é quase sempre incentivado por nossas religiões
mas ele só perdura porque NÓS deixamos.
Quando vemos uma mulher com roupas curtas na rua e a julgamos. Ou quando uma amiga fala que teve uma noite tórrida de sexo com o namorado e aquele pequeno juiz que mora em nossas mentes dominadas grita lá no fundo como ela é "pra frente demais" e até mesmo quando passamos na frente de uma Sex Shop e sentimos vergonha que alguém nos veja entrar. 
"O que vão pensar de mim?"

Esse medo nos tortura e nós mesmas permitimos isso.
A vagina é elástica, feita para a penetração e, de brinde, ainda temos nela um mecanismo que torna tudo isso prazeroso. Como ainda podemos deixar que pessoas alheias aos nossos sentimentos e sonhos
nos digam o que fazer com nosso próprio corpo?
Como podemos achar que um DEUS que nos fez como somos e que criou tudo mais ao nosso redor pode achar ruim que sintamos prazer?

É um pequeno passo para me tornar livre.
Sejamos todas donas dos nossos corpos, desejos e prazeres.
E viva o prazer!


quarta-feira, 30 de julho de 2014


A frase que resume bem meu sentimento atual, com um agradecimento especial à minha sexóloga, Dra. Patrícia que tem trazido uma nova luz sobre a forma como encaro meu vaginismo. 
Que essa luz seja forte o bastante para me trazer a coragem que preciso para encarar meus medos e colocá-los para correr da minha vida!

domingo, 6 de julho de 2014

Adeus, Vaginismo! A história da Gabi.


Voltei com duas novidades: amanhã tenho minha primeira consulta com uma sexóloga. Minha psicóloga indicou para que eu possa dar um enfoque maior na minha sexualidade já que com ela tenho tratado as consequências do vaginismo, mas não o efeito dele no meu corpo.

A segunda é a história de superação da Gabi. Ela venceu o vaginismo e me enviou um depoimento belo e honesto. Acredito que compartilhar histórias, seja de mulheres em tratamento ou das que já alcançaram a cura, é uma ótima forma de nos incentivar e nos ajudar a perceber que é sim possível vencer. Então aqui está:

Sou Gabi, tenho 22 anos. 
Você pode até me achar muito nova, e realmente pode até ter história de vagínicas muito mais densas do que a minha, mas o vaginismo me trouxe sofrimento durante um tempo considerável, e me demandou muito esforço para superá-lo.
Fui criada por uma família evangélica, e sempre tive orientações muito rígidas em relação ao sexo, o que acredito ter sido a principal causa do vaginismo. Além disso, minha mãe engravidou ainda adolescente, e sempre me falava como uma gravidez e sexo "promíscuo" poderiam arruinar a vida de uma jovem. Para piorar, minha vó veio a falecer devido a uma doença venérea. Acredito que inconscientemente passei a ver o sexo de uma forma ruim, e quando comecei a namorar e ter os primeiros contatos mais íntimos, já me imaginava grávida, doente e debaixo da ponte.
Tive meu primeiro namorado aos 17, e depois de alguns meses de namoro, decidimos ter nossa primeira relação sexual. Como já imaginam, não consegui. E foram uma série de tentativas frustradas durante 1 ano e meio. Éramos adolescente, ansiosos, a maioria dos nossos amigos estavam iniciando a vida sexual e nós também queríamos. Mas o namoro acabou sem que isso ocorresse. Ficava com inveja das minhas amigas contando que perderam a virgindade de uma maneira normal, sem uma dor insuportável. E eu parecia que tinha uma parede no lugar da vagina.
Um tempo depois, conheci outro rapaz e depois de um tempo lá vou toda serelepe tentar de novo e vocês já sabem o que aconteceu. Esse porém logo me rejeitou. Depois de uma tentativa horrorosa ele terminou comigo. Me senti um lixo, e decidi focar na faculdade, no trabalho e ficar só. Saía com uns paquerinhas, mas não passava disso. Tinha medo de levar uma relação adiante e passar vergonha depois.
No ano passado conheci meu atual namorado. No início, fiquei um pouco pé atrás quando começamos a sair, mas me sentia só, queria namorar, ter alguém. Via meus amigos felizes com sua vida, namorando, noivando e eu me sentia anormal. Depois de um tempo ficando, ele me pediu em namoro e no decorrer das coisas, fomos ter nossa primeira relação. Fracasso total. Comecei a achar que algo estava errado e resolvi procurar uma ginecologista. Eu sempre ouvi falar que perder a virgindade doía, mas anos tentando e não conseguindo para mim era demais. Devia ter algo errado.
Depois de uns exames de toque, ultrassons, e tentativa frustrada de transvaginal, ela me diagnosticou com vaginismo, e me falou que os tratamentos existentes eram mais eficazes com uma psicóloga, do que com uma ginecologista. Chegando em casa, comecei a pesquisar sobre vaginismo na internet e bateu o desespero. Li histórias muito tristes de mulheres com anos de casamento não consumados, mulheres em depressão e eu não queria aquilo para mim. Acredito que essas mulheres tiveram os primeiros indícios de seu vaginismo quando eram mais novas, mas não procuraram ajuda por vergonha, repressão, desinformação e eu não queria passar anos e anos assim. Procurei uma sexóloga pelo google mesmo e conheci um verdadeiro anjo na minha vida.
Durante as sessões descobri muito sobre mim e na minha forma de ver a intimidade, que eu não percebia. Ela me orientou a comprar os dilatadores vaginais e eu comprei os da Absoloo, porque achei o do vaginismus.com muito caro. Eu que me achava tão esclarecida, me via nas sessões fazendo perguntas que hoje até uma menina de 15 anos sabe, o que me mostrou como eu era desinformada em relação a sexo, prazer e intimidade.
As sessões realmente pesaram no meu orçamento, mas valeram muito a pena. Ela me orientava como fazer os exercícios, como contar e conversar sobre isso com meu namorado, que sempre foi maravilhoso e me deu todo apoio.
Tivemos inúmeras tentativas frustradas e eu chorava horrores após cada uma delas. Achava que ele ia transar com a primeira mulher "normal" que encontrasse na rua. Ele nunca me deu motivos para pensar isso, mas eu ficava tão desesperada com o vaginismo, que as vezes não pensava coisa com coisa.
Comecei a fazer os exercícios do espelho e com os dilatadores. Na verdade eu odiava os exercícios porque me faziam dormir tarde, e meus dias eram cansativos. Fui muito negligente, fazia de má vontade, tinha vergonha de pedir para meu namorado fazer comigo. Não cometam esse erro. Se esforcem, sejam disciplinadas com os exercícios. Eles ajudarão vocês a se conhecerem, a controlar a musculatura da região pélvica, e saber como agirem em uma situação de desconforto com a penetração.
Depois de uns 8 meses de exercícios e terapia eu comecei a me sentir um pouco desanimada. Achava que a cura estava demorando muito. Eu e meu namorado resolvemos fazer uma viagem, e voltando de uma festa, resolvemos "tentar". Acho que depois de um tempo só tentávamos para cumprir tabela. Depois de tantas tentativas frustradas, ele já dava algum sinal de desânimo e eu estava me acomodando à situação também. 
Mas dessa vez algo foi diferente. Tentamos e conseguimos. Sem dor!!! Foi um pouco desconfortável em alguns momentos, mas nada daquela dor insuportável, tive penetração completa e eu nem acreditava. Depois dessa todas as tentativas foram bem-sucedidas. As vezes sinto uns incômodos, peço para ele parar um pouco antes, mas tenho conseguido fazer sexo e descobrir um prazer que nem sabia que existia.
Meninas, não desistam. A cura é totalmente possível. Existem tratamentos, recursos e profissionais para nos ajudar. Os índices de eficácia dos tratamentos são altíssimas, e todas as mulheres merecem uma vida sexual plena e saudável.
Espero ainda ler muitas histórias de curas nesse blog.
Grande abraço.
Gabi.

Parabéns, Gabi! Que o sucesso nessa etapa sirva de inspiração para todas as lutas em sua vida! Que sirva de inspiração para as nossas lutas também!

domingo, 18 de maio de 2014

Novas Experiências


Estou numa fase complicada, as tribulações da vida estão me tomando tanto tempo que minha dedicação aos tratamentos caiu muito, mas desistir, jamais.
Andei pesquisando uma nova opção para aproximar o casal e promover uma dessensibilização, que é super importante para mulheres como nós. Eu e o marido faremos um teste e trarei os resultados assim que puder. Não é um tratamento para o vaginismo, mas com objetivos como os que citei acima ele pode ser útil e o que for bom, merece ser compartilhado.
Até lá, força! 
E gostaria de indicar a postagem no Blog de uma amiga que me trouxe um ar leve e esperançoso ao coração:


domingo, 16 de março de 2014

Os tais Dilatadores


Preciso começar esta postagem dizendo que, por mais que os dilatadores que comprei e vou citar foram feitos para tratamentos, inclusive do vaginismo, são de material macio e até bonitinhos, o importante não é tê-los em mãos, mas buscar formas de cura. Então, se você que está lendo não consegue ou não pode comprar e ficou preocupada por achar que sem os dilatadores não vai alcançar a cura, vou esclarecer que isso não é verdade. Por mais que eles ajudem, basta dar uma olhadinha na imagem para entender que qualquer objeto, que não seja capaz de machucar e que possa ser lavado e devidamente revestido por camisinha vai servir sim, para o tratamento. Cotonetes, dedos, frutas, verduras e afins. O importante é, como eu disse, buscar meios.

Os meus tais dilatadores chegaram e, pra variar, quando eu me encontro diante de uma nova possibilidade de cura, travo. Pois é, ainda sinto medo.
Claro que eu ainda não sei o motivo então resolvi finalmente me aventurar na cadeira de uma psicóloga. Como a grana anda curta decidi procurar uma que aceitasse convênio, então ela não é sexóloga e nem especializada no assunto (é incrível que em pleno 2014 ainda haja tão pouca oferta de ajuda para problemas sexuais e, caso haja, seja tão difícil encontrar), mas pelo primeiro bate papo eu curti e acho que pode me ajudar nesse travamento diante da possibilidade de me curar.

Já tentei, claro, usar o primeiro dilatador, não foi fácil como eu pensava mas eu não pretendo desistir.
Espero voltar em breve dizendo que está dando tudo certo!
Então... até logo!

Adendo:
Comprei meus dilatadores numa sex shop ótima que faz entregas pelo país, tem um preço super justo. A entrega foi ótima, veio numa embalagem mega discreta e chegou rápido, além do acompanhamento, então, pra quem quer adquirir e não quer pagar o preço absurdo que vi em alguns sites, aqui vai o link:


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O Vaginismo Nele


Já faz algum tempo venho adiando essa postagem.
Achava que ainda não entendia o bastante para postar mas agora acredito que estou numa fase mais consciente para divagar sobre o tema:
quando o vaginismo atinge nossos amados.

Sou casada há 1 ano, mas já estamos juntos há 10 então nossas tentativas de vida sexual começaram há algum tempo. Como expliquei anteriormente nossa educação religiosa foi rigorosa, principalmente a minha, então essas tentativas demoraram um bocado para acontecer e quando aconteceram...bem, não foi exatamente como imaginávamos que seria.
Claro que na minha cabeça beata da época imaginei milhares de motivos para aquela dificuldade e cheguei a acreditar sim, que depois de casada tudo se resolveria, eu teria liberdade e privacidade para tentar e tudo ficaria magicamente resolvido, porém antes mesmo do casamento acontecer descobri o motivo que me impedia de "deixar acontecer" e tudo foi se encaixando.
Meu esposo era virgem quando nos conhecemos e imagino que esse fato por si influenciou muito na paciência que ele sempre demonstrou com o meu vaginismo.
No começo eu achava super fofo, romântico até, mas só quando eu senti uma necessidade maior de auxílio, de iniciativa por parte dele, foi que a fofura ficou de lado e a urgência me atingiu.
Claro que eu sei que, o problema sendo em mim, a maior interessada precisa ser eu mesma e não sei se outras mulheres pensam o mesmo, mas eu sempre senti necessidade de alguém firme ao meu lado, alguém que tomasse a frente e me ajudasse de forma eficaz.
A fisioterapeuta fez o que pôde, a terapeuta também, mas a pouca experiência e comodismo do meu esposo afetaram diretamente
meu pouco interesse em vencer o problema.

Há um tempo atrás tivemos uma conversa franca sobre isso e a resposta que ouvi dele ligou um botãozinho de alerta dentro de mim, mas também me fez entender o que ele pensa de verdade. O que ele disse? Que se eu não conseguisse me livrar do vaginismo para ele estava tudo bem, que o jeito que nós encontramos para nos saciar sexualmente estava ótimo e que eu não precisava ficar me magoando só
pra tentar agradá-lo.
BUM! Minha cabeça explodiu!

Se eu tivesse, sei lá, 15 anos de idade acharia aquilo uma verdadeira prova de amor, mas infelizmente não é assim que minha cabeça de mulher amadurecida
compreende os fatos.
Ora, não está bom! Eu quero me sentir mulher por completo, quero vencer uma barreira psicológica que me diminui tanto e o mais importante, quero ter filhos.
Não quero entrar no grupo de vagínicas que engravidam por meio de inseminação e precisam optar por cesariana por medo do parto normal. Como ficaria minha cabeça?! Muito pior, com certeza.
Honestamente falando não sou a mulher mais interessada do mundo, procrastino sempre que posso a busca efetiva pela cura e percebi o quanto isso afetou meu esposo: ele se tornou vagínico também.
O interesse dele por sexo, que de acordo com sua idade e saúde deveria ser bem maior, acabou refletindo o meu próprio interesse. Anos e anos de frustração se acumularam e mudaram drasticamente nossa vida sexual já tão limitada. Não digo que somos castos, oh não, temos nossos meios de "alívio", mas qualquer pessoa normal tem desejos naturais e eu também os tenho e o fato de não poder saciá-los normalmente não quer dizer que eles não voltem.

Como fonte de pesquisa e ajuda consegui fi-nal-men-te comprar o livro da Linda Valins, Quando o Corpo da Mulher Diz Não ao Sexo: Compreendendo e Superando o Vaginismo. Ele não é mais impresso então a única forma de adquirir é procurando loucamente em sebos e livrarias antigas. Toda vez que eu encontrava uma cópia dava algo errado mas recentemente consegui um na Estante Virtual (e graças a nossa linda amiga Anne, do blog Vencendo o Vaginsimo, temos também a possibilidade de fazer o download do livro que ela comprou, escaneou e disponibilizou para solicitação aqui). Pretendo escrever um post sobre minhas impressões do livro mais pra frente, então vou só explicar que através dele e lendo mais sobre a forma como o vaginismo costuma afetar os parceiros de mulheres vagínicas passei a ver as reações do meu marido sob uma luz diferente. Ele também sente medo, em sua cabeça ele é o dono da parte do corpo que tenta me "machucar" a cada tentativa de relação e o "co-responsável" por essas tentativas acabarem em frustrações. Não deve ser fácil amar uma vagínica.
Pra nossa sorte temos hoje na internet os relatos corajosos do Marcelo Adamus, responsável pelo blog Cartas de Um Marido Vaginista, disponível na listagem de blogs ao lado e que aconselho para leitura. Nele o Marcelo abre francamente os medos e anseios do que é conviver com uma mulher vaginísmica (termo que aprendi no livro) e imagino como meu próprio marido divagaria sobre o tema se gostasse de escrever, mas ele não gosta então minhas noções sobre ele
se baseiam mais nas conversas que temos.

O que resolvi? Que eu preciso incentivá-lo. Sim, já me vitimizei demais, já perdi tempo demais choramingando e buscando no meu marido e nas profissionais que me auxiliaram o milagre, que percebi, só vou alcançar por mim mesma. Não existe um botão que se aperte para solucionar um problema psicológico e mesmo que ele existisse, é um tipo de mecanismo que eu só encontraria
se buscasse de verdade dentro de mim.
Adiei sim, minha cura, mas sou adulta o bastante pra enxergar minha fraqueza e procurar armas para vencê-la. Só preciso mudar um pouco mais a forma como lido com minhas limitações, jogar uma luz sincera sobre elas, conhecê-las sem medos e finalmente combatê-las francamente.
É o que pretendo para mim e desejo para todas nós: forças, lutas, vitórias.

Um feliz e corajoso 2014 para nós!