sábado, 18 de maio de 2013

Orações, Preces... Fé!


 Minha terapeuta holística, com quem faço tratamento associado à fisioterapia uroginecólogica, me explicou na primeira sessão que, a maioria das mulheres com vaginismo liga a região íntima à dor, muitas vezes por abuso, violência ou até mesmo porque em suas mentes criaram o "monstro sexo", idéia diversas vezes embasada pela religiosidade, influência familiar negativa e etc.
Um dos caminhos para a cura é desassociar esta imagem e criar uma nova: a de que esta região é fonte de prazer, um prazer incrível e ainda não conhecido de verdade.
E é nessa luta que estou, ensinando minha mente que, o que aconteceu ficou no passado e hoje sou outra mulher, que quer ser completa e sentir prazer através do sexo.
Ela, a terapeuta, explicou que muitas mulheres usam a religiosidade para pedir "a Deus" uma cura. Já vi um relato de uma menina evangélica que disse ter pedido
esse milagre e alcançado.
Eu não duvido, só que penso nas pessoas que foram reprimidas pela religião ano após ano e em como é difícil continuar acreditando nela como fonte de cura.

Então eu entendi...
Não é a religião, é a fé. Não é Deus, é o condicionamento mental da esperança, que traz a confiança necessária pra vencer o problema.
Quantas vezes ouvimos por aí que "fulano curou de um câncer através da fé"?
Foi a fé dele que encheu seu corpo e espírito de uma energia positiva tão forte a ponto de ajudar o próprio organismo a combater a doença de forma mais intensa. Isso é real!
A mesma coisa acontece com os Doutores da Alegria, que visitam hospitais infantis e alegram a vida de crianças doentes, dando conforto e forças pra lutar.

Nós precisamos de força pra lutar também!
Passei dias pensando nisso e só hoje entendi que essa energia boa pode sim, me ajudar a enfrentar minha dificuldade. Não é questão de milagre, é de perseverança!
É o interesse no tema, é conviver no universo da sexualidade, é me deixar envolver pelo assunto a ponto de desmistificar o ato em si
e percebê-lo como normal do ser humano que sou.
Fácil não é, mas se tenho certeza que vai valer a pena, porque não tentar?
Não trabalhamos pra comprar coisas que queremos? Pagar contas de prazeres materiais que nos permitirmos?
Por que não focar energia em algo que vai mudar minha vida?

Nem contei ainda que fui a uma Sex shop, comprei minha prótese (que a fisio pediu), igualzinha a um pênis de verdade, molinha e de um tamanho um pouco menor que o pênis do marido. Veio com um vibradorzinho que é acoplado à prótese e traz uma sensação deliciosa. Comprei também dadinhos eróticos e, gente, adorei o lugar, me senti à vontade! Eu tinha pavor de passar perto de uma Sex shop e algum conhecido me ver, olha como somos bobas. Sexo é natural, bom e todo mundo faz,
do contrário nem estaríamos aqui.
Pretendo voltar lá pra comprar uns jogos que me amarrei, bingos eróticos e tal. Acho que tudo é válido pra chegar à cura, pra me sentir a mulher vitoriosa que sempre quis ser e nunca fui tão ousada pra tentar.




Cinquenta tons de excitação


Eu me rendo!
Apesar do meu completo preconceito contra o livro que caiu no gosto da mulherada,
minha terapeuta - pasmem - me sugeriu ler Cinquenta Tons de Cinza.
Ela explicou que, além do teor pornográfico, a relação entre Anastasia e Grey é absurdamente envolvente e serve como inspiração para casais que não
encontram tanta sensualidade no dia a dia.
Não sei como é com vocês, mas aqui em casa, devido a anos e anos sem sexo e nos divertindo apenas com brincadeiras e masturbações,
a sexualidade nunca foi um assunto muito importante.
Erradíssimo, eu sei! Mas o que fazer se todas as nossas tentativas
terminavam em frustração?
Dá desânimo mesmo e é contra essa maré que a terapeuta quer que nademos.
Sexo é bom, gostoso e precisa ser estimulado.
Vocês já viram aqueles casais de novelas (vide Raí e Babalu, em 4 por 4 ou o recente Helô e Stênio, de Salve Jorge) que passam horas no quarto transando sem parar tomados por tesão? Não que aquilo seja o comum, mas tem que, pelo menos, servir como inspiração pra nós: sexo é parte da relação homem-mulher desde sempre e o vaginismo não pode ditar regras sobre nossos relacionamentos.

Então, é isso, estou lendo - e me derretendo com - Cinquenta Tons de Cinza.
O que tem mudado em mim? Percebo que o sexo, a sexualidade, a sensualidade e assuntos relacionados passaram a ser normais pra mim e começo a me sentir parte de um clube que, até então, eu tinha medo até de chegar perto.

Começo a me sentir mulher e isso é delicioso!
Chega de ser a garota meiguinha, ingênua e doce virgem que pode montar um unicórnio de tanta pureza no coração, quero ser feminina, me tocar, ser tocada e entender porque as pessoas gostam tanto desse prazer!

O livro é ótimo, não fica focado apenas no tema,
mas vai além e envolve do começo ao fim.
Fica a dica, vamos apimentar nossas vidas e vencer mais essa barreira!

Um achado e tanto!


Pre-ci-so compartilhar o que encontrei!

Todas nós que estamos sofrendo esse drama (passageiro) sabemos o que sentimos em relação à primeira vez, certo? Vai machucar, rasgar tudo,
por isso dizem por aí que sangra, dói...
Estava eu aqui na minha peregrinação de fazer os exercícios da fisio (a terapeuta disse que não podem ser vistos como exercícios porque essa palavra remete à obrigação, mas ainda não encontrei uma palavra melhor pra definir, então fica assim por enquanto) quando consegui inserir metade do dedo indicador e senti dor, mas deixei o danado lá enquanto pude e até minha vagina expulsá-lo com ares de indignação pela invasão. Sim, só consegui metade e me sinto uma fraca quando leio relatos de meninas que colocam doooois dedos nas primeiras sessões de terapia, mas, ai de mim, sou medrosa e ainda (eu disse ainda) não consegui ter essa coragem, mas eu chego lá.
Então, voltando ao assunto, fiquei curiosa sobre essa coisa da dor, lembrei dos relatos sobre não estar relaxada e voltou à minha mente a lembrança de que a dor e o sangue existem porque o hímen não foi rompido. Pois bem, sem querer estava em minhas pesquisas sobre primeira vez e encontrei O SITE
Lá descobri que o rompimento do hímen não tem nada a ver com o tal sangramento e nem com a dor e que uma mulher preparada pode nem sentir nada. 
Sei que uma vagínica sofre em dobro porque a maior preocupação dela é justamente com a dor e acredito que ler e entender estes textos pode ajudar bastante o trabalho da minha fisio, que anda ralando um bocado comigo. Relacionados a este texto tem outros dois mega interessantes, um sobre vaginismo e outro sobre MAP, vou linkar todos aqui e acho válido que leiam devagar, pra que possamos conhecer ainda mais nosso corpo e livrá-lo dessa barreira.

Lá vão os links:




Vamos lá, meninas, colocar esse ladrão de prazer pra correr de nossas vidas!


quarta-feira, 1 de maio de 2013

A mente da vagínica e seu medo da dor



E eu me pego imaginando como devia ser a vida de mulheres com vaginismo
antes da internet... 
Afinal, antes de perceber que havia algo diferente em mim e ir pesquisar, eu jamais tinha ouvido falar no problema e imagino que algumas mulheres próximas a mim
tenham sofrido esse drama em silêncio.

Então, graças a Deus pela internet, pela informação!

Acho válido explicar o que se passa na cabeça de uma vagínica pra que pessoas que estão tentando ajudar possam entender melhor a bagunça
que se passa em nossas mentes.
Vou começar lembrando a imagem comum do sexo: um pênis penetrando uma vagina, lubrificados, desejosos, tomados pelo tesão do momento. Normal, né? Hoje em dia com tanta exploração de imagens sexuais isso já não é tão difícil imaginar, não como antigamente onde os meninos ficavam hoooras esperando vídeos pornográficos abrir em internets discadas e barulhentas.
Pois bem, na cabeça de uma mulher com vaginismo essa imagem não é tão divertida assim. Sabe por que? Porque pra nós essa imagem significa uma das maiores expressões de... DOR.
Sim, dor. Parece ridículo, eu sei, mas ah se todos os traumas fossem simples...
Depois que comecei minhas sessões de autoexploração, como minha fisio me ensinou a fazer, conheci o meu querido hímen, aquela pelezinha delicadinha que fica na entrada da vagina sei lá pra quê e notei a diferença entre ele
e a ausência dele em imagens de vaginas internet a fora.
"Por que meu buraquinho é tão pequenininho
e o dela parece um buraco negro pronto a engolir um braço?
"
Risos. Do marido, da médica e meus no fim. De nervoso, claro.

Estão entendendo o drama?
Pra nós, não cabe um pênis ali, não cabe um dedo ali, não cabe nada ali.
Quando o cara se aproxima e tenta penetrar, a mente fala que vai doer, o corpo todo se protege, trava e qualquer tentativa vai ser realmente dolorosa, não tem santo que faça a gente relaxar, o corpo se preparou para um combate de defesa e insistir na força é piorar tudo. Por que? Porque de alguma forma, alguma coisa nos machucou e nos deu a sensação de que aquela região traz dor. Desligar essa imagem de dor é trabalho conjunto que estou fazendo através de minha fisio, minha terapeuta e minha gineco. Vamo que vamo!