domingo, 29 de setembro de 2013

Mantras como Tratamento


Há uma coisa que talvez precisem saber sobre mim para poder entender essa postagem e porque eu quis escrever sobre este tema aqui. Não há nada que consiga me tocar mais profundamente (além do mar, mas como estou um pouco longe dele...) do que música.
Sei que existem várias outras pessoas como eu por aí, que conseguem se conectar mais consigo mesmas através de canções do que falando, ouvindo, lendo, vendo.
Músicas são minha terapia imediata de melhor efeito. 
E tem um estilo musical que amo desde muito cedo, Mantras.
Talvez nem todos entendam esta parte e considerem hippie demais, mas gente, só quem já parou para ouvir Tomaz Lima consegue entender o que é adoçar o coração com os sons que ele produz.

Então, pensando nesse tipo de música e na necessidade que nós, vagínicas, temos de ensinar nossas mentes sobre a beleza que é o sexo, que ele é natural para nossos corpos, que é a manifestação suprema do amor entre duas pessoas e que, ao contrário do que possam ter dito, não é feio, nem ruim e muito menos pecado (ora, como diz meu marido "se Deus fosse contra o sexo não nos permitiria sentir desejo e nem nos daria peças que quando se encaixam provoquem tanto prazer"). Pecado pra mim é fazer mal a si ou a outros.
Mas sexo para mim sempre foi tabu e só recentemente pude perceber que não foi o abuso na infância que gerou o vaginismo em mim, isso foi apenas uma parte do problema. O ápice mesmo foi minha criação rigorosa, onde apenas pensar em beijos parecia sujo, tocar o próprio corpo então, era algo digno de desprezo.

Hoje, adulta e casada, percebo a importância da relação sexual para meu corpo e não apenas porque por ela eu vou gerar filhos, mas porque quero me sentir uma mulher completa, quero sentir o prazer que tantos sentem e proporcionar esse prazer, como prova de amor, ao meu marido.
Se você que está lendo não é casada e acha que isso atrapalha saiba que está enganada. Muito antes de ficantes, namorados, noivos e maridos, seu grande amor deve ser você mesma.
Nós merecemos esse prazer e podemos dar isto ao nosso corpo porque o amamos.
Então, vamos economizar palavras e partir para as sensações. Tive uma ideia que achei legal!
Vou colocar aqui embaixo alguns mantras de cura que criei de acordo com as necessidades que descobri ao percorrer esse caminho de tratamento e espero que possa ajudá-las também.
Vou deixar um áudio pra que possam ouvir de fundo enquanto repetem esses mantras suavemente, sem pressa, num lugar onde não sejam incomodadas e onde possam dar toda a atenção apenas a vocês mesmas.
Fiquem confortáveis, fechem os olhos e se entreguem. Se souberem chegar ao estado alfa melhor ainda, funcionará como uma auto hipnose e a mensagem chegará ao seus inconscientes, mas se não souberem, o simples ato de repetir servirá de ensino às suas mentes. Enquanto repetem os mantras imaginem seus corpos sendo tomados de uma luz suave e acolhedora, aquecendo e espalhando-se por cada parte deles e especialmente em suas partes íntimas. Vamos deixar que o amor afaste o medo.
Namastê.

"Sou dona do meu corpo e da minha mente."

"Corpo relaxado, prazer dobrado."

"Sou uma mulher perfeitamente normal e estou pronta."

"Vou relaxar totalmente ao sentir desejo."

"Quando me toco sinto meu corpo relaxar."

"Meus desejos sobrepõem meus medos."

"O toque do meu amado faz meu corpo relaxar."

"O sexo é uma manifestação sublime do amor."

"Amo e conheço meu corpo, quero dar-lhe prazer."

"Sou uma mulher forte e posso superar tudo."

"Minha cura só depende de mim e vou lutar por ela."

Esses são apenas alguns exemplos e você pode adaptar os mantras às suas necessidades. 
O importante aqui é fortalecer sua mente e colocar-se no domínio de suas emoções.

Música: In The Land Beyond My Dreams - Tomaz Lima

sábado, 28 de setembro de 2013

A Fisioterapia Uroginecológica



Alguns de meus poucos, mas queridos leitores, me deram a ideia de descrever como funciona a Fisioterapia Uroginecológica. Antes de ler sobre a especialidade em alguns blogs voltados para o tema vaginismo, eu sequer sabia da existência da mesma e digo que qualquer coisa que significasse ajuda nesta luta despertaria minha atenção. 
Então acabei encontrando uma indicação aqui em Brasília, liguei e fiquei empolgadíssima ao descobrir que a médica atendia na minha região e, por incrível que pareça, poderia me atender no consultório de uma amiga, no mesmo prédio onde eu trabalho. "Ooohhh!" Ouvi aquele corinho divino quando algo legal acontece nos filmes, pensei que era muita sorte e marcamos uma avaliação.

Parece fácil, mas pra uma mulher vagínica que fugia de ginecologistas
 marcar encontro com alguém que:
a. Você nunca viu antes;
b. Você sabe que vai querer te ver de perto (e por perto entenda perto MESMO);
c. Essa pessoa vai ter que tocar em áreas que nem você gosta de tocar.
Olha... eu tremi na base. 
Mas a vontade de ficar curada era maior que o medo então lá fui eu.

A primeira impressão foi ótima, a Dra. Áurea não tem esse nome por acaso, ela parece um anjo de verdade, loirinha, delicada, simpática e doce. A fofura em pessoa, mas eu ainda não sabia se na hora da verdade essa fofura ia me ajudar porque, cá entre nós, não sou a pessoa mais disciplinada que existe e costumo funcionar mais na base do sacode do que do afago, mas, pra minha felicidade, ela soube ser firme.

Começamos com um bate papo, eu disse a ela tudo o que me aconteceu, porque me fechei, porque não consigo me abrir ao sexo como a maioria das pessoas normais e ela foi escutando tudo e anotando os pontos que considerou importantes, disse que geralmente suas pacientes alcançam a cura em 10 sessões mas que isso seria muito relativo e que dependeria do meu grau de dificuldade e de minha força de vontade.
A conversa foi muito esclarecedora pra nós duas e eu pude me abrir com outra pessoa, algo que não fazia há tempos e que me trouxe certo alívio. 
Depois partimos pra avaliação física, ela precisava ver se eu não tinha nenhum outro impedimento, afinal, isso mudaria bastante o rumo do tratamento, mas felizmente eu sou normalzinha lá embaixo e então marcamos as próximas sessões.

Gente, não é fácil, principalmente porque os exercícios de contração/descontração da musculatura pélvica dão a impressão de não fazer sentido, mas a doutora cativou minha esperança e decidi fazer tudo certinho.

As sessões se baseiam nos diferentes tipos de exercícios nesta musculatura, isso inclui também massagens e movimentos semelhantes aos praticados no sexo, começam apenas com o corpo, depois passam para o uso de dedos e passam para dilatadores de tipos que eu nunca tinha visto nas minhas pesquisas pela net, são ótimos e eu acabei entendendo que ao descontrair eu estava ensinando meu corpo a reagir como eu queria no sexo, já que o vaginismo consiste basicamente no "travamento" dos músculos ao redor da vagina impedindo qualquer tipo de penetração, mostrar a estes músculos como relaxar passou a fazer todo o sentido.
Os exercícios, claro, eram ensinados nas sessões (e iam ganhando mais dificuldade à medida que o corpo permitia) e precisavam ser repetidos em casa, são divertidos e dei boas risadas com minha médica com nossas posições engraçadas em consultório.
Ao decorrer do tratamento ela percebeu que meu caso não seria tão simples e me indicou ajuda extra, com  a Patrícia, terapeuta holística e homeopata que, pasmem, também atende perto da minha casa. Fui à Patrícia e passamos a aliar às sessões de fisio, medicação homeopática para descontração dos músculos, relaxamento e encorajamento, que ela adequou às minhas características pessoais que foi descobrindo na sessão que fizemos, com participação especial do marido.
Foi ótimo e saí revigorada, encomendei a medicação e passei a usá-las regularmente. 
Não posso afirmar com todas as letras que ela (a medicação homeopática) seja milagrosa porque sou muuuito cética a respeito destas coisas.
Inclusive tentamos um tempo depois uma sessão de hipnose que foi ótima, sim, pedi que ela acessasse minha mente em estado alfa e me desse sugestões de cura. Foi proveitoso, mas disso falo mais depois.

O fato é que infelizmente minha vida entrou num turbilhão de coisas, estresse no trabalho que passou do nível agitado demais para o insano, a faculdade que resolveu apertar nossa garganta e uma viagem de família que não pude adiar, então minhas sessões com a fisio precisaram parar, os exercícios foram deixados para depois, minha cura parou de ter os avanços que eu já estava alcançando e aqui estou eu, ainda vagínica.

Posso garantir a vocês que o tratamento com uma fisio de confiança vale MUITO à pena. É ela que vai te dar dicas de como ensinar seu corpo a controlar esses travamentos e te passar confiança para enfrentar as fases não tão coloridas da vida de quem está enfrentando uma dificuldade deste tipo.
A terapia também é ótima aliada e, vale lembrar que procurei também uma Ginecologista (outro anjo que surgiu em minha vida) que também me avaliou e solicitou exames adequados para constatar minha saúde.

Pretendo voltar sim ao tratamento (à minha prótese que a doutora me aconselhou comprar) e sempre que posso faço os exercícios em casa, mas agora estou enfrentando um outro problema que está afetando diretamente minha cura: meu marido, que de uns tempos pra cá tem se mostrado desanimado com nossa vida sexual e se satisfaz tanto com o pouco que temos que tem me deixado preocupada. Mas isso é assunto para outro post.

Caso tenha ficado alguma dúvida sobre como funciona a fisio 
perguntem nos comentários e ficarei feliz em responder. 

Até a próxima!