quarta-feira, 30 de julho de 2014


A frase que resume bem meu sentimento atual, com um agradecimento especial à minha sexóloga, Dra. Patrícia que tem trazido uma nova luz sobre a forma como encaro meu vaginismo. 
Que essa luz seja forte o bastante para me trazer a coragem que preciso para encarar meus medos e colocá-los para correr da minha vida!

domingo, 6 de julho de 2014

Adeus, Vaginismo! A história da Gabi.


Voltei com duas novidades: amanhã tenho minha primeira consulta com uma sexóloga. Minha psicóloga indicou para que eu possa dar um enfoque maior na minha sexualidade já que com ela tenho tratado as consequências do vaginismo, mas não o efeito dele no meu corpo.

A segunda é a história de superação da Gabi. Ela venceu o vaginismo e me enviou um depoimento belo e honesto. Acredito que compartilhar histórias, seja de mulheres em tratamento ou das que já alcançaram a cura, é uma ótima forma de nos incentivar e nos ajudar a perceber que é sim possível vencer. Então aqui está:

Sou Gabi, tenho 22 anos. 
Você pode até me achar muito nova, e realmente pode até ter história de vagínicas muito mais densas do que a minha, mas o vaginismo me trouxe sofrimento durante um tempo considerável, e me demandou muito esforço para superá-lo.
Fui criada por uma família evangélica, e sempre tive orientações muito rígidas em relação ao sexo, o que acredito ter sido a principal causa do vaginismo. Além disso, minha mãe engravidou ainda adolescente, e sempre me falava como uma gravidez e sexo "promíscuo" poderiam arruinar a vida de uma jovem. Para piorar, minha vó veio a falecer devido a uma doença venérea. Acredito que inconscientemente passei a ver o sexo de uma forma ruim, e quando comecei a namorar e ter os primeiros contatos mais íntimos, já me imaginava grávida, doente e debaixo da ponte.
Tive meu primeiro namorado aos 17, e depois de alguns meses de namoro, decidimos ter nossa primeira relação sexual. Como já imaginam, não consegui. E foram uma série de tentativas frustradas durante 1 ano e meio. Éramos adolescente, ansiosos, a maioria dos nossos amigos estavam iniciando a vida sexual e nós também queríamos. Mas o namoro acabou sem que isso ocorresse. Ficava com inveja das minhas amigas contando que perderam a virgindade de uma maneira normal, sem uma dor insuportável. E eu parecia que tinha uma parede no lugar da vagina.
Um tempo depois, conheci outro rapaz e depois de um tempo lá vou toda serelepe tentar de novo e vocês já sabem o que aconteceu. Esse porém logo me rejeitou. Depois de uma tentativa horrorosa ele terminou comigo. Me senti um lixo, e decidi focar na faculdade, no trabalho e ficar só. Saía com uns paquerinhas, mas não passava disso. Tinha medo de levar uma relação adiante e passar vergonha depois.
No ano passado conheci meu atual namorado. No início, fiquei um pouco pé atrás quando começamos a sair, mas me sentia só, queria namorar, ter alguém. Via meus amigos felizes com sua vida, namorando, noivando e eu me sentia anormal. Depois de um tempo ficando, ele me pediu em namoro e no decorrer das coisas, fomos ter nossa primeira relação. Fracasso total. Comecei a achar que algo estava errado e resolvi procurar uma ginecologista. Eu sempre ouvi falar que perder a virgindade doía, mas anos tentando e não conseguindo para mim era demais. Devia ter algo errado.
Depois de uns exames de toque, ultrassons, e tentativa frustrada de transvaginal, ela me diagnosticou com vaginismo, e me falou que os tratamentos existentes eram mais eficazes com uma psicóloga, do que com uma ginecologista. Chegando em casa, comecei a pesquisar sobre vaginismo na internet e bateu o desespero. Li histórias muito tristes de mulheres com anos de casamento não consumados, mulheres em depressão e eu não queria aquilo para mim. Acredito que essas mulheres tiveram os primeiros indícios de seu vaginismo quando eram mais novas, mas não procuraram ajuda por vergonha, repressão, desinformação e eu não queria passar anos e anos assim. Procurei uma sexóloga pelo google mesmo e conheci um verdadeiro anjo na minha vida.
Durante as sessões descobri muito sobre mim e na minha forma de ver a intimidade, que eu não percebia. Ela me orientou a comprar os dilatadores vaginais e eu comprei os da Absoloo, porque achei o do vaginismus.com muito caro. Eu que me achava tão esclarecida, me via nas sessões fazendo perguntas que hoje até uma menina de 15 anos sabe, o que me mostrou como eu era desinformada em relação a sexo, prazer e intimidade.
As sessões realmente pesaram no meu orçamento, mas valeram muito a pena. Ela me orientava como fazer os exercícios, como contar e conversar sobre isso com meu namorado, que sempre foi maravilhoso e me deu todo apoio.
Tivemos inúmeras tentativas frustradas e eu chorava horrores após cada uma delas. Achava que ele ia transar com a primeira mulher "normal" que encontrasse na rua. Ele nunca me deu motivos para pensar isso, mas eu ficava tão desesperada com o vaginismo, que as vezes não pensava coisa com coisa.
Comecei a fazer os exercícios do espelho e com os dilatadores. Na verdade eu odiava os exercícios porque me faziam dormir tarde, e meus dias eram cansativos. Fui muito negligente, fazia de má vontade, tinha vergonha de pedir para meu namorado fazer comigo. Não cometam esse erro. Se esforcem, sejam disciplinadas com os exercícios. Eles ajudarão vocês a se conhecerem, a controlar a musculatura da região pélvica, e saber como agirem em uma situação de desconforto com a penetração.
Depois de uns 8 meses de exercícios e terapia eu comecei a me sentir um pouco desanimada. Achava que a cura estava demorando muito. Eu e meu namorado resolvemos fazer uma viagem, e voltando de uma festa, resolvemos "tentar". Acho que depois de um tempo só tentávamos para cumprir tabela. Depois de tantas tentativas frustradas, ele já dava algum sinal de desânimo e eu estava me acomodando à situação também. 
Mas dessa vez algo foi diferente. Tentamos e conseguimos. Sem dor!!! Foi um pouco desconfortável em alguns momentos, mas nada daquela dor insuportável, tive penetração completa e eu nem acreditava. Depois dessa todas as tentativas foram bem-sucedidas. As vezes sinto uns incômodos, peço para ele parar um pouco antes, mas tenho conseguido fazer sexo e descobrir um prazer que nem sabia que existia.
Meninas, não desistam. A cura é totalmente possível. Existem tratamentos, recursos e profissionais para nos ajudar. Os índices de eficácia dos tratamentos são altíssimas, e todas as mulheres merecem uma vida sexual plena e saudável.
Espero ainda ler muitas histórias de curas nesse blog.
Grande abraço.
Gabi.

Parabéns, Gabi! Que o sucesso nessa etapa sirva de inspiração para todas as lutas em sua vida! Que sirva de inspiração para as nossas lutas também!